No dia 25 de abril de 2021, por volta das 08h30 da manhã iniciamos o nosso deslocamento rumo ao cerrado para coleta de materiais. Caia uma chuva fina, confiantes e animados com nossa primeira imersão, seguimos na estrada ruma a cidade de Aparecida do Rio Negro. Uma bela paisagem emoldurada pelas serras e vestida pela vegetação do cerrado. Logo nas margens da rodovia fomos observando a diversidade de plantas floridas, algumas parecendo vários pequenos pompons em tons de rosa e branco. Entretanto havia ali uma c contradição, ao passo que estávamos ladeados por uma pela paisagem de mata preservada e da imponente serra, a estrada que nos levaria a este lugar tão sublime estava repleta de buracos e erosões, trazendo o sentimento de preocupação com a nossa segurança.
Com perseverança, seguimos subindo a serra, infelizmente a chuva chegou de forma abrupta e intensa. Decidimos retornar, a chuva cessou por alguns instantes e encontramos um local propício para estacionarmos.
Logo ali percebemos três espécies de plantas que nos chamaram atenção uma espécie de avenca (Adiantum raddianum) escondida por traz da vegetação que pendia de uma pequena ribanceira (fig. abaixo).
Mais a frente encontramos uma jovem simbaíba (Curatella americana L.) , com seus tons de verde, marrons avermelhados e a sinuosidade das folhas nos chamaram atenção pela característica serrilhada. Próximo dela observamos uma planta herbácea de pequeno porte com flores delicadas e brancas, caule avermelhado, de aparência frágil. Ainda não conseguimos identificar a família e gênero da espécie.
A chuva cessou por alguns instantes e resolvemos parar o veículo pra observação da vegetação. Também nos deparamos com um árvore conhecida como sangue-da-água (Croton urucurama), da família Euphorbiaceae, uma planta medicinal coagulante e cicatrizante. A folha envelhecida e desgastada com tons verdes, amarelos e laranja nos chamou muito atenção pelo seu formato de coração. Próximo dela observamos pequenas flores azuis de uma planta herbácea e rasteira como uma forração. Planta pertencente ao gênero Commelina, família Commelinaceae. E logo fomos pegos pela chuva torrencial que ali chegava. Foi quando então decidimos buscar outros rumos para nossa expedição.
Após fazer uma sondagem de onde poderíamos seguir com nossa busca, fomos em direção ao centro da cidade, onde fizemos uma parada nas proximidades da UFT - Universidade Federal do Tocantins.
Em meio a casa e prédios nos deparamos com um respiro de vegetação, e quem diria ali teríamos uma incrível surpresa, o encontro com uma enorme variedade de plantas nativas do cerrado.
Já no início nos deparamos com a Impoemae popularmente conhecida como Glória-da-Manhã, e com uma espécie de gramínea que se destacava por conter algumas folhas de um roxo bastante acentuado.
Ao caminharmos pudemos observar que cada canto nos traria novas descobertas. A pequena e notória Ancistrotropis Serrana, nos deu o prazer de seu encanto. Sua delicadeza em um chão pedregoso formou uma bela composição artística, na qual foi feito alteração em computação gráfica para enaltecer os detalhes que a câmera fotográfica não capturou, mas eram possíveis de ser ver para nós que estávamos ali.
Assim como a Centrocema sp Gênero, da Família Fabaceae, que é uma trepadeira utilizada como forrageira, e na alimentação animal.
Seguimos adentrando o cerrado. Em excursão pela mata pudemos ter o privilégio de fazer o registro da belíssima Ancistrotropis serrana Moreira, J. L. de A., A.M.G. Azevedo & Snak, Phytotaxa, da Família Fabaeceae, com seus tons róseos intensos. Desta espécie ocorrem 6 espécies no Brasil, das quais 4 são endêmicas (Lima et al. 2015).
Ainda no mesmo local pudemos ver também outras diversas espécies com folhagens intrigantes como vemos abaixo. Uma delas possui folhas alongadas e serrilhadas, com cores verdes e tons terrosos, já a outra se assemelha a espécie Leandra, da Família Melastomaceae, por suas folhas rugosas.
Ao final da manhã estávamos satisfeitos com o que havíamos visto. Em algumas horas de investigação pudemos concluir que a riqueza do cerrado ainda se encontra em nosso quintal, basta se atentar e parar pra observar.
Há um grande número de plantas do cerrado catalogadas recentemente, disso podemos perceber que várias novas espécies ainda por serem descobertas. Investigar, catalogar, realizar estudos para descobrir o uso medicinal e econômico dessas plantas e desenvolver o manejo sustentável dos recursos naturais, pode ser a chave para a conservação ambiental de todo o bioma do cerrado.
Comments